Por meio de seu analista em Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, Nicolas Fabre; a Aprece participou do Fórum Mundial da Água, realizado de 18 a 23 de março em Brasília. O representante da entidade foi responsável por quatro intervenções técnicas no debate – três no âmbito do próprio fórum e uma em evento paralelo na sede da Confederação Nacional de Municípios (CNM).
A primeira participação foi por solicitação do Governo de Israel, que convidou a Aprece a dar um depoimento sobre as soluções trabalhadas de forma descentralizada no contexto de colapso hídrico nos municípios do sertão cearense e dos problemas de saúde decorrentes da baixa qualidade da água proveniente da Operação Carro-Pipa. Os estudos e diagnósticos realizados para descobrir os problemas na operação foram explanados por Nicolas Fabre e debatidos durante o fórum.
Foram abordados também os resultados do trabalho das Estações Móveis de Tratamento, frutos de uma parceria entre Governo de Israel, Aprece e Governo do Estado do Ceará. “As estações já estão, há seis meses, acompanhando a Operação Carro Pipa em 31 municípios cearenses com menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). A ideia é garantir com essas estações que futuras cisternas a serem construídas, através do Projeto Paulo Freire e Financiamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), possam ser abastecidas com água de grande potabilidade”, explicou Fabre.
A segunda participação do analista no Fórum foi na mesa para discutir Tecnologias de Saneamento com Reuso de Água, também levando em consideração as condições específicas do semiárido. Na oporutunidade, Fabre falou sobre tecnologias sociais descentralizadas, desenvolvidas muitas vezes pela sociedade civil e pelo próprio homem do campo, com parceria com ONGs ou universidades, a custo reduzido, com boa eficiência e potencial para ser replicado como política pública. A terceira contribuição da Aprece foi em uma pauta mais internacional focada em discutir a relação entre prioridade de investimentos na gestão de água e as restrições de arrecadação, levando em consideração questões culturais e políticas. “O que pudemos observar é que a tecnologia avança em um passo muito mais rápido que nossa capacidade de ação, no que diz respeito a questões como marco regulatório, legislação, entre outros”, enfatizou Nicolas Fabre. Ele explicou que, na ocasião, no que diz respeito à questão de financiamento, a Aprece focou sua fala em uma lógica não-financeira, de ações capazes de proporcionar o máximo com o mínimo de recursos.
Fechando a contribuição da Aprece no Fórum, Nicolas Fabre fez uma palestra na CNM sobre resíduos sólidos, abordando a relação da falta de gestão nessa área com a questão da água, notadamente no que diz respeito à contaminação subterrânea e à dificuldade de tratamento. “Focamos nossa fala nas Coletas Seletivas Múltiplas, abordando justamente a integração entre tratamento de lixo e de esgoto na perspectiva de melhoria dos recursos hídricos”, disse, frisando que a experiência do Ceará nessa área é pioneira no Brasil.