Fórum Mundial da Água recebe prefeitos do Nordeste para abordar questão da seca

ÁGUA
21 de março de 2018

Debates de iniciativas para o convívio com a seca fizeram parte de um painel do 8º Fórum Mundial da Água na tarde desta terça-feira, 20 de março, em Brasília. Gestores e especialistas apresentaram iniciativas acessíveis que podem ser adotadas para amenizar os efeitos da estiagem no Nordeste. A Confederação Nacional de Municípios (CNM) foi representada pelo presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e conselheiro político da entidade, José Patriota, e pelo representante da Aprece, Claudenilton Pinheiro. Também esteve representando o movimento municipalista a prefeita de São Bento do Uma (PE), Débora Almeida.

O prefeito Claudenilton Pinheiro, explanou aos participantes sobre a experiência desenvolvida no município de Deputado Irapuan Pinheiro, voltada ao tratamento de águas móveis nas cidades do semiárido cearense. A estação de água local implementada possui tecnologia com capacidade de despoluir e dessalinizar a água e torná-la potável. Essa tecnologia é oriunda de Israel. “É uma água de excelente qualidade e diminui os custos dos governos do estado e dos Municípios com o carro-pipa. O aproveitamento da água salgada e da água poluída faz com que seja gasto muito menos nas operações com a água do mar e dos açudes que estão com seus volumes muito baixos ou em volume morto. A economia no meu Município foi de 85% após a implementação”, informou.

Por sua vez, a prefeita da cidade pernambucana de São Bento do Uma, Débora Almeida, destacou que o seu município já convive com a seca há mais de sete anos. Segundo ela, a metade da população mora na zona rural e, para mantê-la nesse ambiente, foram feitos planejamentos voltados à limpeza e à manutenção de vários reservatórios da zona rural. “Isso possibilitou que a gente juntasse um pouco de água. Várias cisternas foram construídas para a captação de água das chuvas e, naqueles momentos mais críticos, também foi feito um mutirão para levar caminhões e carros-pipa para a zona rural. E aí a gente conseguiu manter a economia do Município em atividade, tanto a agricultura e a pecuária, como a avicultura também”, finalizou a gestora municipal. O painel ainda contou com apresentações de boas práticas do Marrocos e da Coréia do Sul.

O presidente da Amupe, e prefeito da cidade de Afogados da Ingazeira, deu detalhes de como o seu município desenvolveu o sistema de tratamento biológico de efluentes. A iniciativa nasceu a partir da necessidade de reduzir custos e de aproveitar a água utilizada para irrigar a grama do estádio do time de futebol da cidade. Antes da implementação do sistema de reuso, o município gastava por mês mais de R$ 16 mil somente com a conta de água e acabava por utilizar água potável para essa atividade. Diante do custo alto e da percepção de que a fonte dos recursos hídricos poderia vir de outros meios, a prefeitura buscou uma alternativa que pudesse ser viável economicamente e ao mesmo tempo uma solução sustentável para cessar o uso de água potável na irrigação. Logo em seguida, foi instalado o Sistema Biológico de Efluentes do Estádio Vianão, que é alimentado pelo esgoto produzido em 150 residências do município.

O esgoto canalizado vai para uma caixa misturadora, onde recebe adição de uma calda bacteriológica, enriquecida com rúmem bovino (resíduo gerado pelo abatedouro regional de animais) e cascas de laranja. Após esse tratamento, o esgoto, já sem contaminação, segue para um filtro de areia e brita, de onde é canalizado para o estádio da cidade. Dessa forma, são produzidos 100 mil litros de água de reuso por dia. Segundo Patriota, isso garante água rica em minerais e compostos orgânicos e mantém o gramado sempre verde além da economia na conta de água. “O nosso custo operacional é muito baixo. A matéria prima (rúmem e casca de laranja) sai de graça”, disse o presidente da Amupe.   

Fonte: CNM