Pesquisa aponta alternativa para produção de forragem no Semiárido

AGROPECUÁRIA
13 de março de 2019

O projeto “Sistema de Integração Lavoura-Pecuária” trouxe novo enfoque produtivo para o Semiárido: produzir forragem com o mínimo de chuvas, alimentar os cordeiros em curto espaço de tempo e oferecer uma tecnologia simples aplicada ao setor produtivo. A iniciativa é de autoria do professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e diretor-geral do campus de Boa Viagem, João Paulo Arcelino do Rego, em colaboração com o município de Tauá e com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A pesquisa teve início na quadra chuvosa de 2015, quando foi realizado um experimento agropecuário na região dos Inhamuns que mostrou ser possível manter em área reduzida uma criação de ovinos com base no fornecimento de forragem e de grãos oriundos de lavouras de sequeiro, aquelas que dependem exclusivamente das águas da chuva.

Na área experimental, de um hectare, choveu apenas 246 mm de janeiro a junho. O sistema foi implantado naquele mês de março, quando foi registrada menor pluviometria (61 mm), e “mesmo com as condições desfavoráveis, conseguimos produzir 11 toneladas de forragem, sendo possível proceder uma engorda de cordeiros de duas raças deslanadas (Santa Inês e Somalis Brasileira)”, disse João Paulo Arcelino.

Os estudos seguiram com a avaliação dos animais que se alimentaram da forragem e dos grãos cultivados. Na ocasião, o estudante de mestrado Hector Daniel Cedeno Vergara verificou os aspectos adaptativos dos ovinos durante o período de engorda, quando os animais estavam mantidos no pasto. Foram observadas presença de hormônios relacionados ao estresse, frequências cardíaca e respiratória, além de bioquímica sanguínea.

“A pesquisa foi inovadora ao definir como estas duas raças, tidas como adaptadas ao Semiárido, expressavam todo seu potencial produtivo diante de uma condição de temperatura e umidade desafiante. Identificamos temperaturas de 37 °C e umidade de 25%. Caracterizamos pela primeira vez as estruturas de pelame e pele por meio de técnicas histológicas”, explicou.

Os pesquisadores foram surpreendidos com a velocidade de ganho de peso dos cordeiros. “Chegamos ao resultado em 53 dias”, comemorou João Paulo Arcelino. “Foi uma surpresa, em um tempo recorde”. Todas as análises de desempenho e a qualidade da carne produzida no novo modelo foram verificadas.

No último dia 27, os resultados da pesquisa pelo projeto “Sistema de Integração Lavoura-Pecuária” foram apresentados na dissertação de Hector Vergara, orientada pelos professores João Paulo Arcelino, atual diretor-geral do campus de Boa Viagem, e Patrícia Pimentel, do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará (UFC). A dissertação, aprovada, trata das “Respostas fisiológicas e características do pelame e da pele de borregos deslanados terminados em Sistema de Integração Lavoura-Pecuária em região semiárida”.

As informações sobre a capacidade adaptativa dos animais e sobre o sistema de produção idealizado pela equipe do projeto já estão disponíveis para aplicação de qualquer produtor da região”, afirma João Paulo Rego.

Fonte: EcoNordeste com informações do IFCE

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