Plano Progredir pode mudar realidade de famílias de baixa renda

SEMINÁRIO INTERNACIONAL
13 de dezembro de 2018

A geração de renda e a inclusão social de beneficiários do Bolsa Família foram temas de dois painéis do primeiro dia do Seminário Internacional Superando a pobreza de forma sustentável: a segunda geração das políticas sociais, realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), na tarde desta terça-feira (11). O destaque foram as ações do Plano Progredir desenvolvidas pelo governo federal em parceria com instituições, empresas, associações e entidades sem fins lucrativos para mudar a realidade de muitas das famílias brasileiras de baixa renda.

Ambos os painéis foram mediados pelo secretário nacional adjunto de Inclusão Social e Produtiva, Rodrigo Zerbone. Segundo ele, os encontros possibilitam a troca de experiências e contribuem para qualificar a atuação do poder público e dos parceiros envolvidos. “Aqui, por exemplo, temos representantes de bancos conversando com institutos que trabalham diretamente com o público-alvo do Progredir. A partir dessas discussões, eles passam a ter outra visão, que pode resultar na ampliação das oportunidades para as pessoas mais vulneráveis”, destacou.

O fundador da Agência Besouro, Vinicius Mendes Lima, relatou sua história de sucesso pessoal durante o primeiro painel, sobre promoção do empreendedorismo sustentável. Nascido em uma comunidade pobre de Porto Alegre (RS), ele começou a trabalhar ainda adolescente, vendendo crepes em uma banca, e, aos 20 anos, conquistou seu primeiro R$ 1 milhão. Ao ajudar amigos e vizinhos a também montarem seus próprios negócios, Lima abriu a agência de fomento social e pesquisa, que já ajudou a tirar do papel mais de 4 mil empreendimentos em 113 comunidades carentes do Brasil e da Argentina.

Segundo Vinícius Lima, mais pessoas poderão ser beneficiadas a partir da parceria com o governo federal. “É um orgulho falar um pouco sobre metodologias e projetos capazes de mudarem o país. Nosso objetivo, em parceria com o governo federal, é criar mil vagas para auxiliar pessoas inscritas no Cadastro Único a se tornarem empreendedoras”, disse. Autor do livro A Riqueza das Favelas: o empreendedorismo entre morros e vielas, ele hoje é professor da Universidade de Buenos Aires (UBA) e da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos-RS).

A diretora executiva da Aliança Empreendedora, entidade que desde 2005 apoia mais de 85 mil trabalhadores em todo o país, Lina Useche, falou sobre a missão de unir forças e viabilizar oportunidades para que pessoas e comunidades de baixa renda possam ser empreendedoras, gerando inclusão e desenvolvimento econômico e social. A parceria com o Progredir, em 2018, resultou em 130 inscritos em cursos da instituição. Uma experiência satisfatória que, segundo ela, deve ser ampliada. “Entendemos que o próximo passo é estreitar os laços com o poder público. Ter o privilégio de trabalhar em conjunto com o MDS nos deu a noção de que o governo pode, sim, provocar uma transformação muito grande na sociedade”, enfatizou.

Microcrédito – A oferta de crédito às famílias também foi abordada no painel por dois membros de instituições financeiras parceiras do Plano Progredir. Desde o início da iniciativa, mais de R$ 4,7 bilhões foram concedidos aos inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal. .

Especialistas veem com otimismo a possibilidade de crescimento do setor, o que pode beneficiar o acesso da população ao crédito para dar autonomia e mudar vidas. É o caso do representante do Banco do Nordeste Alex Araújo, que ressaltou o crescimento nos empréstimos e a baixa inadimplência. Hoje, segundo ele, 44% dos clientes na zona urbana que recebem o crédito são do Bolsa Família. Entre a população rural, o número chega a 60%. O total de inadimplência previsto para 2018 entre os segmentos urbano e rural é de apenas 1,4% e 3%, respectivamente. “Consideramos esses números bons e temos muito a expandir no microcrédito para famílias de baixa renda no país. O resultado da nossa parceria com o MDS é que melhoramos a focalização para atingir esse público”, explicou.

A Movera é o braço do Banco do Brasil que opera na área de microcrédito. De acordo com o presidente da instituição, Marcos Ricardo Lot, a empresa fundada em 2015 já desembolsou R$ 200 milhões para o público de baixa renda. Lot apresentou exemplos de clientes que realizaram seus sonhos e criaram o próprio negócio. “Nosso público-alvo é formado por empreendedores informais e microempresas. Com isso, estamos mudando a realidade de muitas famílias mais pobres, que não tinham acesso ou sequer sabiam da possibilidade de microcrédito”, relatou.

Qualificação – O segundo painel tratou da qualificação profissional em parcerias público-privadas. No encontro, foram debatidas formas para melhorar o acesso do público ao conhecimento. Hoje, de acordo com Rodrigo Zerbone, mais de 1,9 mil cursos estão disponíveis na plataforma de qualificação para o público do Cadastro Único no Progredir. Além de mais de 1 milhão de vagas de ensino, como educação financeira e técnicas de empreendedorismo. "São cursos que conseguem trabalhar as habilidades e formas para que as pessoas possam tomar crédito e expandir ou implementar o próprio negócio.”

Participaram também do evento o diretor geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura, Federico Villarreal, a diretora executiva do Instituto Coca-Cola, Daniela Redondo, a especialista para o Desenvolvimento do Setor Privado e Inovação do PNUD Luciana Aguiar, o interventor do Sesc/Senac no Rio de Janeiro, Luiz Gastão Bittencourt, e o economista sênior do Banco Mundial, Matteo Morgandi.

Fonte: MDS.