Uso de pele de tilápia reduz em 57% custos na recuperação de queimaduras

SAÚDE
14 de julho de 2017

O Ceará apresenta ao mundo uma forma mais rápida, menos dolorosa, com menos risco de contaminação e perda de líquido, além de mais econômica para a recuperação de pessoas que sofrem com queimaduras. A utilização de pele de tilápia em detrimento do tratamento convencional, com a pomada sulfadiazina de prata, reduz em 57,48% os custos ambulatoriais na recuperação dos pacientes.

Conforme O POVO divulgou ontem, o estudo foi realizado pelo Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), da Universidade Federal do Ceará (UFC), em parceria com o Instituto de Apoio ao Queimado (IAQ) e o Instituto Doutor José Frota (IJF).

Os resultados foram divulgados durante inauguração do primeiro banco de pele animal do Brasil, na manhã de ontem, no NPDM, no bairro Rodolfo Teófilo. A pesquisa, financiada pela Enel, analisou o uso do curativo em 150 pacientes do IJF. O banco conta com mil unidades de peles que devem atender à demanda do hospital e a um estudo multicêntrico que irá beneficiar pacientes vítimas de queimaduras nos estados de Goiás, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo ainda neste semestre.

“Nunca a comunidade científica utilizou curativo biológico a partir da pele de um animal aquático. O histórico mostra uso de pele de animais terrestres”, ressaltou o cirurgião plástico Marcelo Borges, idealizador da pesquisa e coordenador do SOS Queimaduras e Feridas do Hospital São Marcos, em Recife. O tratamento já possui patente no Brasil e no exterior.

Curativo natural

Diminuição de custos com material, medicamentos anestésicos e estrutura da equipe médica, conforme o presidente do IAQ Edmar Maciel, são as razões para a alternativa ter menor custo. “Será um impacto importante para o Sistema Único de Saúde (SUS)”, avaliou Maciel, que coordena o projeto. O curativo natural reduz, em média, um dia e meio no tempo de cicatrização das queimaduras de segundo e terceiro graus.

Maciel explica que o estudo identificou proteína colágeno tipo 1 em maior quantidade do que em todas as peles animais semelhantes à pele humana, além de grande grau de resistência à tração.

Perda de líquido, troca de curativos diariamente, risco de infecção, secreção e dor intensa acompanham os pacientes que curam queimaduras por meio do tratamento convencional. “É uma diferença de dez pra quatro na dor”, comparou Josué Bezerra, 35. “Tirar o curativo com água morna e o excesso da pomada é um sofrimento. É um alívio saber que muitas pessoas vão sofrer bem menos. É um milagre, uma coisa tirada da natureza”, comemorou o supervisor de manutenção elétrica. 

Serviço

Associação Peter Pan

Onde: rua Alberto Montezuma, 350, Vila União

Telefone: (85) 4008 4109

Fonte: O Povo