Câmara desiste de principal ponto do projeto que altera a Lei de Repatriação

VOTAÇÃO
25 de outubro de 2016

Em uma articulação marcada por idas e vindas, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), retirou nesta segunda-feira (24) o principal ponto do projeto que altera a Lei de Repatriação com o objetivo de ainda tentar votar a proposta.

Os deputados queria afrouxar a tributação sobre o dinheiro a ser repatriado, trocando o modelo "filme" –que considera toda a movimentação de bens e valores no exterior– para a "foto" –que concentra a tributação sobre o saldo em uma única data, 31 de dezembro de 2014.

Texto enviado pela Câmara ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na noite desta segunda mantém, nesse ponto, a Lei como está hoje –ou seja, permitindo a tributação sobre o "filme", o que representa uma arrecadação maior para os cofres públicos.

O relator do projeto, Alexandre Baldy (PTN-GO), disse que o projeto agora está concentrado em duas mudanças principais. A primeira deixa mais clara a anistia aos crimes cometidos por quem está regularizando o dinheiro mantido ilegalmente fora do país. A segunda divide com Estados e municípios uma fatia maior da arrecadação.

O programa de repatriação legaliza recursos e bens de brasileiros no exterior, com anistia aos crimes cometidos, mediante o pagamento de 15% de Imposto de Renda e 15% de multa sobre os valores regularizados.

Estados e municípios já têm uma fatia sobre o IR arrecadado. Se o projeto da Câmara passar, entraria no rateio também aquilo que ultrapassar a R$ 25 bilhões de multa.

Para que a articulação siga em frente, será necessário a concordância do presidente Michel Temer e da equipe econômica de abrir mão de arrecadação em prol de Estados e municípios. Parlamentares que defendem esse acordo usam como moeda de troca o apoio nesta terça (25) à aprovação em segundo turno da proposta que congela os gastos federais, prioridade do governo para 2017.

O projeto de alteração na Lei de Repatriação já foi "engavetado" e "desengavetado" por Maia várias vezes, ora sob o argumento de que não houve acordo, ora com a afirmação de que as partes cederam em algum dos pontos.

Saldo

O governo federal já recebeu 15.109 declarações de pessoas físicas e 45 de pessoas jurídicas, totalizando R$ 110,5 bilhões em ativos regularizados e R$ 33,1 bilhões de imposto e multa decorrentes da regularização, segundo dados da Receita, até a manhã desta segunda-feira (24).

O prazo de adesão termina no dia 31. O projeto da Câmara, que se houver acordo seria votado pelo Senado ainda nesta semana, abre margem para a Receita prorrogar esse data, possibilidade que tem sido negada pela equipe econômica.

Fonte: Folha de São Paulo

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