Produção de energia por meio de fracking gera protesto no Ceará

ENERGIA
16 de maio de 2016

No último sábado (14), mais de 500 pessoas de 20 municípios cearenses participaram de uma grande ação pacífica e direta contra o fracking, método de extração de gás para produção energia elétrica que é extremamente danoso à saúde, ao meio ambiente e à produção agropecuária dos municípios onde essa atividade ocorre. Indígenas, pescadores e moradores da zona costeira, agricultores e moradores de cidades do interior fortemente atingidas pela seca, movimentos de juventude, estudantes, ambientalistas, cientistas, permacultores realizaram uma marcha dentro da campanha "Liberte-se dos Combustíveis Fósseis" (Break Free 2016).

A questão está sendo amplamente debatida com gestores municipais de todo o País. Os impactos ambientais da extração de gás do subsolo por meio de fracking – fraturação hidraulica do subsolo foi um dos temas abordados na Arena Temática de Meio Ambiente e Saneamento, que aconteceu em paralelo à XIX Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, realizada de 9 a 12 de maio no Centro Internacional de Convenções do Brasil.

Na oportunidade, a doutora e diretora da Organização Não Governamental (ONG) climática 350.org, Nicole Figueiredo informou, aos gestores presentes na Arena, que o fracking consiste em perfurar o subsolo com jatos de água, areia e mais de 600 substâncias tóxicas, o que gera tremores de terra e contaminação dos recursos hídricos, do solo e do ar.

A especialista alertou ainda que “recentemente a justiça do Estado da Pensilvânia condenou uma empresa de fracking a pagar uma indenização de US$ 4,2 milhões a duas famílias cujo manancial se contaminou em função dessa atividade”. Nicole explicou que no Brasil, em evento similar, uma hipotética empresa poluidora muito provavelmente conseguiria fugir da condenação ou atenuar sua pena, tanto em função da morosidade da nossa justiça.

“Não utilizemos a técnica do fracking no Brasil: o potencial ganho econômico dessa atividade não compensa os riscos, que ainda não conseguimos mensurar em sua totalidade”, explicou a doutora. Para ela está nas mãos dos municípios, que são responsáveis pela gestão de solos, estradas e das águas – rios, córregos e nascentes -, não deixar que esta atividade tão danosa avance. Segundo Nicole, mais de 40 municípios já criaram leis proibindo a extração em seus territórios.

O gestor de Toledo (PR), Beto Lunitti, é um dos prefeitos que já proibiu a atividade no município. Na Arena, o gestor falou que será criada uma comissão de estudos na CNM para “provocar um discussão sobre o assunto e apresentar aos prefeitos o quanto está extração é danosa, principalmente, nas áreas onde são produzidos nossos alimentos”.

Confira o Modelo de Projeto de Lei Municipal proibindo o a realização do fracking.

Fonte/Fotos: CNM e Não Fracking Brasil