Vitória para os municípios: Congresso derruba veto do ISS

VOTAÇÃO
30 de maio de 2017

Uma conquista histórica do movimento municipalista brasileiro. Assim foi a votação, realizada na noite desta terça-feira (30) no Congresso Nacional, que garantiu – por 49 votos a 1 no Senado e por 371 a 6 na Câmara – a derrubada do veto 52, que trata da reforma do Imposto Sobre Serviços (ISS). Antes da votação, o governo federal recuou do veto presidencial à reforma do ISS e declarou apoio à derrubada do dispositivo de texto que retirava trechos da proposta original. A declaração foi feita, apor meio de nota à imprensa, em que afirma que "em face de reivindicação dos municípios brasileiros, concorda com a derrubada pelo Congresso Nacional do veto 52 de 2016", que dispõe sobre o tributo.

A Aprece teve um papel fundamental nesta vitória, que representa a redistribuição de R$ 6 bilhões para todos os municípios do país.  A entidade colaborou de forma decisiva, intermediando os contatos iniciais do movimento liderado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) com o presidente do Congresso, senador Eunício Oliveira, que se comprometeu a colocar o tema em votação e assim o fez. Além disso, a Aprece mobilizou os prefeitos e prefeitas cearenses para pressionarem seus parlamentares a votarem pela derrubada do veto. “Essa foi uma importante manifestação da força do municipalismo. Os prefeitos estão de parabéns pela ampla mobilização que realizaram junto aos deputados e senadores. Os municípios agora contarão com importante reforço de recursos com a redistribuição do ISS”, afirmou Gadyel Gonçalves, presidente da Aprece.

O que muda

Os trechos vetados pelo Planalto tratavam da mudança do local de recolhimento do imposto. Ou seja, se a lei fosse sancionada como expressa no texto aprovado pelo Congresso no fim do ano passado, os serviços de administração de cartões de crédito e débito passariam a ser recolhidos onde está estabelecido o tomador do serviço. Além disso, o ISS das operações de leasing – arrendamento mercantil – e planos de saúde também seriam devidos no domicílio do tomador.

Atualmente, o valor arrecadado é destinado aos municípios onde as empresas que prestam o serviço do cartão de crédito e afins estão instaladas, os chamados Municípios prestadores. Ou seja, as grandes cidades arrecadam praticamente a totalidade do imposto, pois alocam o maior número de empresas prestadoras deste tipo de serviço. Em contrapartida, os Municípios pequenos ficam desprovidos das receitas, embora também forneçam o serviço em suas localidades. Se o veto não fosse derrubado, essa forma injusta de distribuição do imposto seria mantida.

R$ 6 bilhões distribuídos

A derrubada do veto, que acarreta na sanção do texto original da Lei Complementar 157/2016 conforme aprovado no Congresso, permitirá uma redistribuição anual de cerca de R$ 6 bilhões aos municípios brasileiros. Aproximadamente R$ 2,87 bilhões serão repassados aos Municípios onde o tomador do serviço está estabelecido, nesse caso onde estão localizados os restaurantes, farmácias, postos de gasolina, etc. Isto no caso dos serviços de administração de cartões de crédito e débito.

No caso do leasing serão cerca de R$ 2,6 bilhões distribuídos. Antes, esse recurso ficava nas mãos de apenas 35 municípios. E, no caso dos planos de saúde, mais de 2 mil municípios com estabelecimentos de saúde que atendem por planos e convênios, conforme dados da Agência Nacional de Saúde (ANS), passarão a receber o ISS dessa operação. Da forma que estava, apenas 370 Municípios recebiam tal receita.

Se o veto não fosse derrubado, a forma de distribuição dos recursos arrecadados com o imposto continuaria como está: 63% das receitas do ISS ficam nas mãos dos citados 35 municípios; cerca de 100 municípios respondem por 78% de todo o montante arrecadado com tributo do país. A título de exemplo, em 2016, cerca de 75% da arrecadação do ISS ficou concentrada para poucos municípios da região Sudeste do país.

Veja aqui a estimativa de quanto seu Município irá ganhar com a queda do veto.

   

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